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Hoje em dia, pode parecer muito estranho pensar que pessoas possam ser enterradas vivas, não é mesmo? Isso porque com a medicina avançada a qual estamos acostumados, parece um erro muito absurdo que alguém esteja vivo e seja dado como morto.
No entanto, não era assim antigamente! Inclusive, as pessoas enterradas vivas eram muito numerosas nos séculos anteriores, o que acabou gerando em todos um medo bem intenso dessa possibilidade.
É claro que, atualmente, o enterro prematuro já não acontece com tanta frequência. Mesmo assim, ainda é extremamente importante que os profissionais que lidam com o velório e o sepultamento fiquem bastante atentos, além da própria família.
Neste artigo, explicaremos mais sobre os procedimentos que são usados hoje para impedir que as pessoas sejam enterradas vivas.
Por que antigamente as pessoas eram enterradas vivas?
Até o século XVIII, os enterros prematuros eram muito comuns e as causas eram diversas: havia uma disfunção em quem sofria de cólera, por exemplo, que podia deixar o enfermo em um estado parecido com a morte.
Também existia, e ainda existe, a catalepsia — condição em que o paciente fica praticamente morto por conta de uma paralisia muscular total. Dito isto, é possível imaginar que o medo de ser enterrado vivo era relativamente comum na sociedade.
Considerando que a medicina ainda tinha muito para avançar há alguns séculos, ficava bem mais difícil para os médicos e enfermeiros entender quando a pessoa apenas estava em um estado de catalepsia, por exemplo.
A falta de conhecimento por parte desses profissionais e a escassez de procedimentos para se confirmar se ainda havia vida são as principais explicações sobre porque as pessoas enterradas vivas eram tão numerosas há alguns séculos.
Felizmente, por causa dos avanços medicinais, do maior conhecimento dessas condições e a existência de muito mais exames, é bem menos comum que um enterro prematuro aconteça hoje em dia.
Qual a possibilidade de uma pessoa ser enterrada viva?
Como dito acima, não é comum que as pessoas sejam enterradas vivas hoje em dia porque os pacientes que faleceram em hospitais costumam estar sempre conectados a monitores eletrônicos.
Dessa forma, mesmo que, visualmente, o paciente não esteja respirando ou não tenha batimentos cardíacos, o que se leva em consideração é o que está sendo mostrado no monitor cardíaco e no registro de oxigenação.
Vale dizer que, mesmo quando o monitor mostra que os batimentos cardíacos cessaram, os médicos e os enfermeiros ainda fazem a auscultação por meio do estetoscópio a fim de verificar, de maneira manual, se existem batimentos, mesmo que estejam fracos. Só depois disso é declarada a morte e emitido o atestado de óbito.
No caso de quem sofre um mal súbito ou qualquer outro problema e não está em um hospital, essa mesma verificação é feita quando esses indivíduos chegam a uma unidade.
Se o Serviço Móvel de Urgência (SAMU) é chamado, os socorristas também têm o treinamento adequado para averiguar a existência de batimentos cardíacos ou de oxigenação.
Vale a pena salientar que as pessoas com condições como a catalepsia possuem mais formas de ser diagnosticadas hoje em dia. Sendo assim, elas podem avisar isso aos seus familiares e amigos e, com isso, o risco de um funeral vivo é bem reduzido.
Diversas pessoas que sabem que têm catalepsia e outras doenças que possam “sugerir” que estejam mortas mesmo sem estar acabam tatuando isso a fim de avisar a socorristas, médicos e enfermeiros.
Qual o nome da doença que a pessoa é enterrada viva?
Como já foi mencionado, a catalepsia é uma das principais causas de pessoas enterradas vivas, desde os séculos anteriores até hoje em dia. O que se tem de diferente é a maior possibilidade de diagnóstico dessa condição.
Contudo, do que se trata a catalepsia? Em que consiste essa doença que tem a capacidade de fazer com que as pessoas sejam consideradas mortas?
Ela também é conhecida por muitos como catatonia e, quando se manifesta, as pessoas ficam paradas. Se elas estiverem acordadas quando o episódio de catalepsia acontece, elas ficam com o olhar fixo, como se estivessem em choque e sem atender a estímulos.
No entanto, quando as pessoas estão dormindo no momento da crise de catalepsia, é quase impossível perceber que estão respirando. Isso porque o seu batimento cardíaco se reduz de forma sensível, afetando a sua oxigenação.
Dessa forma, as pessoas que tentam visualizar se o abdômen se move, por exemplo, têm a impressão de que ele está parado. Também é extremamente difícil identificar a respiração sem que se use um oxímetro.
É interessante salientar que a catalepsia, uma condição neurológica, pode até mesmo fazer com que a pessoa fique rígida, como ocorre com os cadáveres. É claro que isso gera ainda mais confusão e explica porque tantas pessoas enterradas vivas.
Para quem fica apavorado pela possibilidade de ser cataléptico, cabe salientar que essa condição, hoje em dia, pode ser tratada com a ajuda de um neurologista.
Causas do medo de ser enterrado vivo
Não há dúvida de que um dos principais motivos do medo do funeral vivo é a existência de tantas histórias neste sentido. Inclusive, é necessário dizer que há quem tenha tanto medo de um enterro prematuro que até mesmo desenvolve fobias.
Em casos assim, é extremamente necessário que se faça acompanhamento com o psicólogo.
As causas desse medo não são tão estranhas: até hoje, vemos muitos casos de relatos antigos e alguns, apesar de raros, mais recentes sobre pessoas acordando no próprio funeral, bem como em uma série de filmes e séries de TV.
Além disso, o receio de ser enterrado vivo une vários dos medos e fobias consideradas clássicas e mais recorrentes:
- Claustrofobia: medo de locais fechados, considerando-se um caixão apertado;
- Medo do escuro;
- Medo de sufocamento;
- Medo da morte.
A combinação de todos esses medos se reúne na hipótese do enterro prematuro. O que podemos afirmar, para ajudar com esse pânico, é que as chances de um enterro de uma pessoa viva acontecerem é ínfima considerando toda a tecnologia e medicina atuais.
É possível ser enterrado vivo e sobreviver?
Existe a possibilidade de pessoas enterradas vivas sobreviverem, desde que o resgate seja feito em pouco tempo. Afinal, o oxigênio de dentro do caixão vai se esgotando.
Medidas de segurança para evitar o sepultamento acidental
Os principais métodos são a conferência da oxigenação por meio do oxímetro, além do uso de monitores para averiguar se o coração segue batendo, ainda que seja difícil identificar isso visualmente.
Antigamente era comum que os médicos retirassem o coração quando a pessoa falecia, além de colocá-la em uma espécie de caixão onde havia uma escrita com nitrato de prata, algo “invisível”. Conforme os gases da decomposição fossem expelidos, a escrita podia ser lida.
No século XVIII, existiam caixões com válvulas internas que permitiam que o morto escapasse caso acordasse enterrado. No entanto, não há registro de que esse mecanismo tenha sido usado.
Outra solução bizarra vinha da observação: como era comum que os cadáveres fossem enterrados no fundo das igrejas, os caixões ficavam um tempo sob a vigilância de um padre. Caso houvesse qualquer movimento ou o apodrecimento do corpo não se iniciasse imediatamente, o padre ordenava que uma escavação fosse feita para o resgate do morto-vivo.
Atualmente, nenhuma dessas soluções bizarras são necessárias, mas, ainda que muito raros, há registros de pessoas sendo enterradas antes mesmo de estarem mortas. Para isso, em institutos como hospitais ou mesmo o IML (Instituto Médico Legal) são feitas uma série de testes para comprovar a morte.
O papel dos cemitérios e das funerárias na prevenção do sepultamento acidental
É muito importante que as funerárias, responsáveis por preparar o corpo para as cerimônias, treinem os seus profissionais para que eles notem qualquer indício de vida no indivíduo que está em sua maca.
Os profissionais dos cemitérios também precisam ficar atentos, especialmente durante o velório, quando o caixão costuma estar aberto e é mais fácil observar o cadáver.
O que fazer em caso de suspeita de pessoa enterrada viva?
É primordial retirar a pessoa do caixão, se ela já estiver ali dentro, e solicitar apoio do SAMU o mais rápido possível. Dessa maneira, serão feitas as avaliações para confirmar se há batimentos cardíacos e oxigenação.
Pessoas enterradas vivas costumam ser vistas como lendas por parte de muitos, mas a verdade é que elas existiram e eram numerosas séculos atrás.
Hoje, os profissionais da saúde estão mais capacitados, além de ter mais ferramentas para analisar quando a pessoa realmente está viva e, assim, trata-se de algo bem menos comum.
Se quiser entender melhor todos os procedimentos burocráticos e médicos realizados após o falecimento de alguém, comece pelo nosso guia do que fazer após o falecimento de uma pessoa. Explicamos todo o processo.